terça-feira, 28 de maio de 2013

Testes rápidos são importantes para o diagnóstico precoce da dengue

A dengue é hoje objeto da maior campanha de saúde pública do Brasil, que se concentra no controle do Aedes Aegypti, o mosquito transmissor do vírus da dengue. A doença, que segundo o Ministério da Saúde afeta mais de 100 milhões de pessoas por ano no mundo, é uma das que causam maior impacto na saúde pública do nosso país.

Quando transmitido, o vírus da dengue, que possui quatro sorotipos - DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 - provoca sintomas comuns a outras doenças, o que pode gerar dificuldades no diagnóstico clínico. Torna-se, então, de fundamental importância a realização de exames laboratoriais para confirmação da dengue.

Além de evitar as mortes, o diagnóstico precoce da dengue é fundamental para determinar os cuidados clínicos com o paciente e contribui para a vigilância epidemiológica, para a pesquisa de formulação de vacina e também para a detecção precoce de uma possível epidemia. Os diagnósticos laboratoriais são importantes para determinar o número de casos fatais da doença, o sorotipo viral em evidência e as estimativas da incidência de casos durante uma epidemia.

Basicamente, o diagnóstico da dengue pode ser feito pelo isolamento do vírus, pela detecção do genoma viral, pela detecção de antígenos virais e sorologia (IgG e IgM). No entanto, os anticorpos IgM e IgG somente resultarão positivo após vários dias. Em muitos casos não é possível aguardar esses dias para que um diagnóstico seja definido. Por isso que exames complementares como o hemograma, a contagem de plaquetas, a prova do laço e as transaminases são realizados para auxiliar no diagnóstico.

Mas há três anos, o Brasil dispõe de um exame que tem sido utilizado para o diagnóstico logo nos primeiros dias, após a percepção dos sintomas, antes mesmo do aparecimento dos anticorpos, o Antígeno NS1. Esse teste é detectável até o sétimo dia após o aparecimento dos sintomas da doença permitindo o diagnóstico rápido e a implementação das medidas terapêuticas.

"Estudos científicos atestam que a pesquisa do antígeno NS1, quando utilizada isoladamente, é capaz de diagnosticar com precisão cerca de 70% dos casos de dengue a partir do primeiro dia. Quando utilizada em conjunto com outros testes, como a pesquisa de anticorpos, diagnostica cerca de 95% dos casos", revela o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, regional Rio de Janeiro (SPBC-RJ), Hélio Magarinos Torres Filho.

Essa evolução da medicina diagnóstica vem contribuindo para questões importantes relacionadas à dengue, como a epidemiologia. "Os testes rápidos aceleram o diagnóstico específico e facilitam que as ações de controle sejam adotadas imediatamente impactando as ações epidemiológicas", explica o médico pesquisador e chefe da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas (IEC), Pedro Fernando da Costa Vasconcelos. "É com base nas informações epidemiológicas que são selecionadas as áreas (estados, municípios) prioritários para as ações de controle com vistas a prevenir a ocorrência de grandes epidemias", ressalta o médico pesquisador.
Muitos municípios que passam por momentos de elevado número de casos confirmados e muitos suspeitos de dengue acabam sobrecarregando as unidades de saúde. Nesse cenário, o teste rápido é um método importante no conjunto de medidas para controle, diagnóstico e tratamento da doença. Em cidades com alta incidência de dengue, o Ministério da Saúde tem distribuído kits do teste rápido (NS1) para facilitar o diagnóstico da doença em menor tempo e custo. Algumas cidades ofertam o teste na rede SUS.

Enquanto as autoridades de saúde tentam mobilizar a população para a prevenção da dengue, a medicina diagnóstica deve estar atenta aos novos métodos de diagnóstico da dengue para aprimorar a eficiência dos resultados e contribuir para a redução da mortalidade causada pela doença.

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